Frenéticas - 6 Mulheres que colocaram o Brasil pra dançar

Divertidas, apimentadas, escandalosas, irreverentes, atrevidas. São tantos os adjetivos que descrevem estas seis mulheres poderosas! Juntas, elas incendiaram o Brasil ao som  eletrizante da discoteca. A energia delas continua contagiante, agitando festas de jovens de todas as idades desde de sua estrondosa estréia no cenário musical brasileiro em 1976. O grupo feminino mais famoso até hoje no país, fez história e deixou a sua marca na MPB.

Enquanto nos Estados Unidos a Disco Music era representada por estrelas como Donna Summer, Gloria Gaynor, Diana Ross, Earth Wind & Fire, Bee Gees e ABBA dentre outros, por aqui na terra do samba o funk soul fazia a cabeça da rapaziada com Tim Maia, Jorge Ben e Tony Tornado.  Foi quando as cantoras Lady Lu, Miss Lene, Sarah Regina, Brenda, Elisângela e o trio Harmony Cats, vestiram seus colãs de paetês, calçaram suas meias coloridas de lurex e se jogaram na pista com a mais recente novidade musical, a discoteca. Mas foi com elas: Sandra Pêra, Regina Chaves, Leiloca Neves, Lidoka Martuscel, Dudu Moraes e Edyr de Castro que o boogie oogie da era disco ganhou asas e caiu no gosto dos brasileiros.

Parte da contra-capa do LP Soltas na Vida

Na segunda metade dos anos 1970 um gênero musical tomou conta de boa parte da programação de rádio, do mundo do disco e das baladas da noite. A onda Disco dominou o cenário pop por meio de filmes como Os Embalos de Sábado à Noite e sucessos mundiais como a músicas “Macho Man” e “Y.M.C.A.”, do grupo Village People. Nessa época, no Rio de Janeiro, Nelson Motta foi chamado para dirigir uma discoteca. Ao invés de garçons, garçonetes. Ao invés de garçonetes, garçonetes atrizes. Nascia de maneira despretensiosa o grupo Frenéticas e logo se tornarem o símbolo máximo da disco-music nacional.


Em 5 de agosto de 1976, o compositor e produtor musical Nelson Motta inaugurou em um shopping no bairro da Gávea, Rio de Janeiro, a discoteca Frenetic Dancing Days, que se tornou a febre das noites cariocas. Diferentes das demais danceterias da cidade, tinha uma proposta muito mais democrática oferecida aos frequentadores, uma simples bilheteria como nos cinemas garantia a festa da moçada. Qualquer pessoa poderia comprar o ingresso e pronto, estava dentro. Nada de ficar horas na espera de ser avaliado pra quem sabe conseguir entrar.
Para servir as poucas mesas no espaço ocupado por uma enorme pista de dança, Motta teve a ideia de contratar garçonetes que, vestidas de malhas colantes, com saltos altíssimos e maquiagem carregada, fariam o atendimento, mas com uma inovação: no meio da noite, subiriam de surpresa ao palco, cantariam três ou quatro músicas, antes de voltar a servir. Motta não fazia ideia do time que havia de formar e que em breve se tornaria um fenômeno musical.
Sandra Pêra, que era cunhada de Motta, casado com sua irmã, a atriz Marília Pêra, se interessou  e trouxe para o grupo as amigas Regina Chaves, Leiloca e Lidoka, que fizeram parte do conjunto ''Dzi Croquettes'', e a cantora Dudu Moraes. Completou o sexteto, indicada pelo DJ da discoteca, a atriz Edyr de Castro, que tinha participado do elenco do musical "Hair". Foi selecionado um repertório de cinco músicas e o grupo ensaiou com o músico Roberto de Carvalho, que então começava a namorar a roqueira Rita Lee.



O sucesso das Frenéticas, como foram chamadas para associá-las ao nome da discoteca, foi tão grande, que milhares de frequentadores entusiasmados exigiam que elas cantassem cada vez mais. Passaram a fazer shows de mais de uma hora e deixaram de ser garçonetes. As Frenéticas não só foram as responsáveis pelo sucesso da Frenetic Dancing Days, como interpretaram o gênero disco music importado em algo novo, incorporando o ritmo e melodia frenética das marchinhas carnavalescas, resultando uma mistura explosiva.

O público foi capturado por uma combinação inusitada de humor picante, erotismo nas roupas e na letra das músicas, ritmo contagiante e uma performance esfuziante no palco. No seu primeiro sucesso, Perigosa, o refrão "dentro de mim" repetido inúmeras vezes entre gemidos lúbricos e gritinhos histéricos, deu o tom de suas apresentações. A Frenetic Dancin' Days ficou aberta por apenas três meses. Após o fechamento, as meninas passaram a apresentar-se no Teatro Rival, atraindo um público mais diversificado. As Frenéticas foram as primeiras contratadas da gravadora Warner, que recém se instalava no Brasil. O primeiro compacto, "A felicidade bate a sua porta" composta por Gonzaguinha, foi muito executado nas rádios. Em seguida, o primeiro LP "Frenéticas" vendeu 150 mil cópias rapidamente e recebeu um Disco de Ouro. No final dos anos 70 conseguiram o feito inédito de emplacar o tema de abertura de duas novelas da Rede Globo, Dancin' Days e Feijão Maravilha. Depois vieram mais três discos pela Warner.



O sexteto formado ganhou discos de ouro, composições originais de Eduardo Dussek, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Aguilar e Nelson Motta, gravações que viraram tema de abertura de novelas e provocaram muito barulho nas baladas no período áureo do grupo, de 1978 a 1982.
O bom humor das Frenéticas e sua música eletrizante estão nas gravações de “Perigosa”, “Vingativa”, “Vesúvio”, “A felicidade bate à sua porta”, “Preto que satisfaz”, “As cantoras do rádio”, “Exército do surf”, “Dancin’ Days”, “Ai, Hein!” e “Você escolheu errado o seu super-herói”. Estas e outras canções fizeram a festa nas noites cariocas e por todo país.


Em 1982, Sandra Pêra e Regina Chaves saem do grupo e o quarteto remanescente assina contrato com a gravadora Top Tape. Mas o único álbum lançado por este selo não fez sucesso e o grupo se desfez em 1984.
Elas voltaram a se reunir em 1992 para gravar o tema de abertura da novela Perigosas Peruas, da Rede Globo, e duas músicas inéditas para uma coletânea de seus sucessos lançada em CD. Até então, a discografia do grupo era constituída apenas de LPs de vinil. Outra coletânea em CD foi lançada em 1999, o álbum Sempre Frenéticas.


Em  2001 com nova formação, as Frenéticas retornam mais uma vez. Do grupo original ficaram Lidoka, Edir e Dudu com uma particularidade: as três aconselhadas por uma numeróloga, mudaram seus nomes artísticos respectivamente para Lidia Lagys, Edyr Duque e Dhu Moraes. As demais integrantes do grupo original não quiseram retornar, preferindo continuar nas atividades que exerciam: Regina, como produtora do humorista Chico Anysio; Leiloca como astróloga e atriz; Sandra, como diretora de teatro. As vagas foram preenchidas por Gabriela Pinheiro, Cláudia Borioni e Liane Maya.
Ao recusar o convite, Leiloca deixou registradas em seu sítio na Internet suas razôes: ela só participaria desta volta frenética, se houvesse uma infra-estrutura à altura: um show com um diretor; um patrocinador; assessoria de imprensa; enfim , o básico. As razões de Leiloca parecem ter se confirmado, o retorno das Frenéticas passou quase despercebido do grande público.
Em julho de 2006, para comemorar os 30 anos das Frenéticas, o grupo se apresentou em São Paulo junto com o grupo franco-americano Santa Esmeralda, do sucesso "Don't Let Me Be Misunderstood". No dia 1 de Abril de 2011, a história do grupo foi contada no especial "Por Toda Minha Vida" da Rede Globo. Três integrantes do grupo, Leiloca e Sandra como elas mesmas e Dhu como Valda, fizeram uma aparição na novela Cheias de Charme.

Na Boca do Povo!

Jornal de Música dez/1977

O sucesso das moçoilas foi além das nossas fronteiras, tanto que foram convidadas para cantar cantar na abertura do Festival da Canção em Portugal. O ano era 1980 e as Frenéticas estavam com tudo. A apresentação foi um marco na história do país, neste dia foi feita a primeira transmissão em cores da televisão portuguesa, e elas estavam lá deixando tudo mais colorido, vivo e brilhante.

As Tais Frenéticas

Edyr Duque
Resultado de imagem para edyr de castro
Edyr de Castro aos 65 anos em ensaio sensual para o livro ''Beleza Revelada'' by Gina Stocco
Edir de Castro, como assinava antes da fama, nasceu em 02 de setembro de 1946, integrou o grupo ''Mucamas do Painho'' derivado de sua participação no programa Chico Anysio Show. Ela também esteve nas novelas Roque Santeiro (1985), Cambalacho (1986), Anos Rebeldes (1992), Por Amor (1997), Chiquinha Gonzaga (1999), A Turma do Pererê, (série que foi ao ar de 1998 a 2012), Agora é que são Elas(2003), Cabocla (2004), Sinhá moça (2006), Sete Pecados (2007), Amor e Intrigas (2007) e Poder Parelo (2009).
Foi casada com o cantor e compositor Zé Rodrix com quem teve uma filha, Joy Rodrigues.
Desde 2011 vive no Retiro dos Artistas, após descobrir que sofre de Alzheimer. A atriz e ex-cantora está com uma aparência diferente por culpa da doença, mas revelou em uma entrevista que não se deixa abater pela doença - ''sou feliz, estou em paz comigo'', disse em entrevista. 

Edyr de Castro, que fez parte do grupo As Frenéticas, com a cadela Lyndha Lô, em sua casa no Retiro dos Artistas
Edyr com sua cadela Lyndha Lô em sua casa no Retiro dos Artistas 

Dhu Moraes

Dulcilene Moraes, nasceu no Rio de Janeiro em 22 de junho de 1953.
Cantora e atriz, fez diversas novelas, atuou no teatro na montagem Hair e no cinema esteve em três produções. Seu último trabalho (até aqui) foi no filme de 2016 Linda de Morrer de Cris D'Amato.
Um de seus personagens mais marcantes foi como Tia Nastácia no Sítio do Pica-pau Amarelo de 2001 a 2006. Na época em que recebeu o convite ela conta que teve que aprender a cozinhar. Interpretar a cozinheira fez com que Dhu, que antes mal entrava na cozinha, se arriscasse no fogão. Hoje, é especialista em musse de maracujá e risoto de bacalhau. E, claro, teve de aprender a fazer os famosos bolinhos de chuva de Tia Nastácia. Virou uma quituteira de mão-cheia. “O elenco e os câmeras devoram os bolinhos nos intervalos das gravações”, conta.
Vaidosa confessa, ela esteve muito diferente nas telas do que realmente é, tanto como Tia Nastácia quanto como Manuela, seu personagem de Êta Mundo Bom, novela exibida em 2016 pela Rede Globo. 
__“Não saio de casa sem batom, faço unha num dia e no outro tenho que tirar todo o esmalte.” diz.

Resultado de imagem para Dhu Moraes Tia nastácia

Leiloca


Nascida no Rio de Janeiro - Tijuca, sob o signo de Capricórnio e Ascendente Áries, Leila Neves é filha de mãe leonina e pai capricorniano. Aos 4 anos, estreou no palco do Jardim da Infância, declamando e aos 11, estudou violão. Eclética, tocava de Asa Branca à Luzes da Ribalta. Mas do que ela gostava mesmo era de Jorge Benjor e claro, dos Beatles.
Leiloca divide-se entre  suas atividades como astróloga, cantora, atriz, compositora, escritora e palestrante e mantem-se conectada aos seus fãs e seguidores através de suas contas no Twitter, Instagram e Facebook.  Ela não para, afinal de contas é mesmo frenética! Está sempre dando entrevistas falando sobre a influencia dos astros sobre a vida e os acontecimentos. Mais detalhes você encontra em seu site site oficial, onde você, caso tenha interesse, pode contacta-la pra fazer seu mapa astral.
__“Quando comecei, em 1972, demorava-se 10 minutos fazendo os cálculos, mais 10 desenhando o mapa com régua e compasso. Hoje, com computador, demora um segundo”, brincou ela.

Sandra Pêra


Sandra Cristina Marzullo Pêra, natural do Rio de Janeiro, nasceu em 17 de setembro de 1954. Artista da gema seus pais Manoel Pêra e Dinorah Marzullo eram atores. Qualquer semelhança com a renomada saudosa atriz Marília Pêra não é mera coincidência, as duas artistas são irmãs. Ela assim como as demais Frenéticas é uma artista polivalente; além de produtora e diretora, escreveu livro lançado em 2008; As Tais Frenéticas: Eu Tenho uma Louca Dentro de Mim, romance biográfico sobre a trajetória das seis garçonetes cantoras que arrebataram o Brasil. Leia aqui o prefácio e um trecho do livro.
Indagada sobre sua vida amorosa Sandra revela: 
__“Não me casei novamente, não. Não me casei! Gosto de namorar, muito, mas todo mundo voltando pra casa. Não acho nada da safra, gosto de gente interessante, engraçada e, às vezes, fora do padrão. Sou feliz assim!”

Regina Chaves


Nascida em 1948, a cantora e atriz Regina Chaves, que foi integrante do grupo As Frenéticas, foi a terceira mulher de Chico Anysio. O casal teve um filho, Cícero Chaves, que é DJ. Regina também trabalhou com o humorista, fazendo a secretária Sinézia - que sempre dava respostas erradas e dizia o  bordão ''sabe que eu não sei'' - no Chico Anysio Show e na Escolinha do Professor Raimundo. Em uma entrevista no início dos anos 2000, Chico disse não se lembrar dos motivos da separação.
Ela fala sobre o sucesso das Frenéticas:
— Minha ficha só caiu quando fomos fazer um show no Gigantinho, em Porto Alegre. Éramos sempre pontuais e ficamos tensas com o trânsito a caminho do estádio. E descobrimos que o congestionamento era por nossa causa: havia mais de 30 mil pessoas nos esperando e batedores para nos escoltar — lembra Regina.

Lidoka


Maria Lídia Martuscelli, a eterna frenética Lidoka, nasceu em São Paulo em 1950 e desde a infância praticou balé.  Cantora, bailarina empresária e escritora começou a carreira artística quando integrou o grupo "Dzi Croquettes" e em meados da década de 1970 a convite de Sandra Pêra tornou-se integrante das Frenéticas.
Com o fim do grupo, Lidoka dedicou-se a outras atividades até entrar no ramo empresarial. Ela  abriu uma empresa para comercializar uma invenção sua de quase 30 anos atrás. Chamou-a de Bandoca, uma bandeja com almofada que tem múltiplas utilidades.
__“Tive a ideia num jantar com o Gilberto e a Flora Gil. Ela serve para jantar, ler, fazer as unhas, trabalhar. E posso personalizar com figuras diferentes, a bandeja pode ser de plástico ou madeira”, diz a empreendedora. “Para o Ivan Lins, eu fiz uma bandoca com alça que ele usa para compor enquanto toca”, completa. Um de seus clientes é o tradicional hotel Copacabana Palace, que usa as bandocas na área das piscinas. Na expectativa de seduzir novos clientes, Lidoka tem mostrado seus produtos no estande do Sebrae no Parque da Bola, um grande evento de transmissão da Copa do Mundo e negócios no Jockey Club Brasileiro, na Gávea.
No site  www.bandoca.com estão à venda o livro e a  bandeja conceito com diversas estampas disponíveis pra você escolher.
__“As pessoas ainda não conhecem a bandoca, então, preciso de um investimento muito grande em marketing para mostrá-la. Esta é uma boa oportunidade”, explica. Em 2012 lançou sua auto-biografia: "Lidoka, uma Vida Frenética". Em meados de 2006, descobriu um câncer de pele e em 22 de julho de 2016, uma metástase da doença abreviou a sua vida aos 66 anos de idade.
“A música sobreviveu, o som tai, a alegria sobreviveu...” (Lidoka) 



No portal ouvirmúsica.com.br você encontra todas as 58 músicas das Frenéticas.



Discografia


Frenéticas: 1977
Caia na Gandaia:1978



Soltas na Vida:1979

Babando Lamartine:1980

Diabo a 4:1983

As Mais Gostosas das Frenéticas:1992

Sempre Frenéticas:1999

Pra Salvar a Terra:2001











wikipédia 
www.leiloca.com
culturabrasil.cmais.com.br
www.terra.com.br
gente.ig.com.br
super.abril.com.br
Portal da Copa

Soul Retro

Muito obrigada por sua visita, espero que tenha gostado do viu por aqui e espero ter a honra de seu retorno. Sua opinião é muito importante, conto com seu comentário. Beijinhos.

2 comentários:

  1. Muito bacana nosso Brasil é tão rico né
    Estas mulheres eram e são encantadoras.
    Ótimo post parabéns Cherry
    Beijos
    https://cherrycriis.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente! O BR tem tesouros que nem nós mesmos sabemos e as Frenéticas são joias desse raras deste imenso tesouro. Bjs cherry.

      Excluir