O Corset


O uso do Corset fez parte do vestuário no decorrer de muitos séculos. A peça que sempre foi reconhecidamente feminina também fez parte inclusive do guarda roupa masculino; embora menos usual e eles prefiram chama-lo de colete, couraça ou cinta abdominal ortopédica.
Ambos com  a intenção de alterar a aparência de seus corpos de alguma maneira, com indicações médicas ou por pura e simples vaidade, ao longo da história utilizaram e ainda hoje utilizam-se de um corset. Artistas tanto no cinema, teatro e televisão que o digam!
Com o passar dos tempos, os modelos e a construção da peça foram se modificando, adaptando-se, conforme as tendencias da moda as exigências e as necessidades de seus usuários.
Veja neste link a evolução do corset feminino dos anos 1700 a 1900.


A imagem mais antiga do que seria um possível corset data aproximadamente do ano 3000-1400 aC, encontrada em Creta na Grécia. A imagem é uma escultura de uma mulher, a deusa minóica, Senhora dos Esportes.  O artigo de vestuário descrito pode ser percebido como um espartilho;  no entanto, é usado como sendo a peça única do vestuário e segundo historiadores seria usado em ocasiões especias como em rituais e grandes eventos. 




Embora o típico espartilho tenha sido criado como uma peça de roupa intima, ocasionalmente é usado sobrepostos as  roupas de baixo. Isto pode ser percebido nas roupas femininas típicas de diversos países europeus. O corset se tornou popular na Europa do século XVI, atingindo o auge de sua popularidade na era vitoriana. O termo ''corset'' ou ''espartilho'' , surgiu a partir do ano 1300, proveniente do francês,''corset''; "espartilho"  que significa "uma espécie de corpete atado". Em inglês,  para se referir ao espartilho, o termo frequentemente usado a partir de 1600 até o início do século 20, era ''stays''.
Introduzido na França por Catarina de Médice por volta dos anos de 1500, os primeiros corsets eram usados como roupa de baixo, confeccionados a partir de várias camadas de tecidos endurecidos por cola entrelaçados entre si, com estruturas em materiais rígidos, alguns eram feitos com armações de ferro; eram fortemente atados ao corpo afim de conferir uma aparência ereta ao tronco uma vez que a pequenez da cintura ainda não era tão relevante a figura feminina. Acredita-se que estes espartilhos estruturados em aço ou ferro foram confeccionados para fins ortopédicos e não fizeram parte do uso comum na moda da época.

1730-1740
Em meados do século XVI o corset já era comumente usado entre as mulheres europeias inclusive entre as britânicas. A modelagem neste período achatava as formas femininas principalmente os seios que ficavam comprimidos sob a peça. Durante a era elizabetana foi  incorporado a confecção do corset, o ''busk'', uma espécie de filete plano e rígido moldado em osso de baleia ou madeira costurada em um invólucro frontal sobre os espartilhos que poderia ser retirado do corset, alguns eram decorados com desenhos e inscrições, seria usado mais em ocasiões  como festas e eventos sociais. Há relatos de que o busk teria outras utilidades ainda mais peculiares. Moldado em uma forma de adaga, ele poderia ser facilmente retirado da estrutura do corset, para que a donzela em perigo pudesse se defender de um possível agressor, outra história mais interessante a respeito, é que ele serviria como prêmio a um pretendente sortudo.

Busks do século XVIII

O tipo mais comum de espartilho usado nos anos 1700, era uma peça moldada em formato cônico invertido usado muitas vezes pra criar um contraste entre um torso rígido e quase cilíndrico acima da cintura com  as saias extremamente volumosas dos vestidos. O objetivo principal dos espartilhos do século 18, era levantar o busto, comprimir o abdome e dar suporte as costas auxiliando as mulheres a manter uma postura ereta. Apenas uma leve pressão era exercida sobre a cintura, e as roupas eram vestidas sobre ele. Mesmo bem ajustados ao corpo, os espartilhos do século 18 eram confortáveis em relação aos modelos da era vitoriana, eles não restringiam a respiração e permitia que as mulheres realizassem seus afazeres vestidas com ele, apesar do busk limitar os movimentos da cintura.


1770
1700's

No início dos anos 1800 com o avento da cintura alta ou ''silhueta do império'', de cerca de 1789, o corset tornou-se menos restritivo. Os modelos mais utilizados eram curtos e com alças e essencialmente enfatizavam a sustentação dos seios deixando livres as formas naturais da cintura. Algumas mulheres ainda mantinham o uso dos espartilhos anteriores a este, mas os corpetes curtos tiveram seus anos de glória, embora tenham sido poucos, as mulheres depois de muitos anos puderam usar algo que lhes dava mais liberdade de movimentos.

1804-1810 (aprox.)
1803



Quando a cintura voltou a seu lugar de destaque nos anos 1830, os espartilhos longos e estruturados ressurgiram com todo seu poder de compressão e modelagem ao mesmo tempo que o termo espartilho fora usado em inglês para referir-se ao vestuário. Agora eles tinham dupla função, apoiar os seios e afinar a cintura. A silhueta ampulheta ditou as regras do visual ideal para o corpo feminino elegante na era vitoriana. Os espartilhos eram moldados em formato extremamente curvilíneos e avançavam além da cintura em algumas polegadas, as barbatanas de baleia e madeira começavam  ser substituídas por barbatanas moldadas em ferro ou aço, e o laço ficou mais apertado do que nunca. Modelos semelhantes a esses ainda são usados hoje com o mesmo objetivo pelas praticantes de tight lacing,  laço apertado em tradução livre.


Em 1839 um francês chamado Jean Werly, foi o primeiro a registrar a patente de suas peças fabricadas artesanalmente em tear. Este tipo de espartilho ganhou muita popularidade nos anos seguintes, até que a partir de 1890 as peças feitas em máquina começa a ganhar o mercado. Até então todos os corsets eram feitos a mão. A fabricação em grande escala popularizou o corset com a venda de peças por um menor preço.


No século 19 os busks começaram a mudar ao passo que surgiam os primeiros corsets com fecho frontal, até este momento as peças eram modeladas com fechamento na parte de trás, em seguida passaram a ser costuradas em duas partes, atrás era feito o laço e na frente o fecho, era a evolução do busk, que agora tinha duas partes fixas, uma com ganchos, e a outra com o ''olho'', ou aberturas, que se encaixavam fechando totalmente a peça, assim como nos corsets atuais. Este modelo de corset facilitou e muito a via das mulheres que tinham que se vestir sozinhas, apenas de ser comum uma outra pessoa ter que apertar o laço com mais força, bem como vemos nos filmes de época.


Com a popularização do uso corset, a questão em relação a saúde abriu a polêmica discussão entre sociedade médica e religiosa no final do século 19. Alguns médicos apoiavam a teoria de que o uso constante de espartilhos fortemente atados prejudicavam a saúde principalmente durante a gravidez. Ouve quem dissesse que a causa da infertilidade de muitas mulheres, era devidos a seus espartilhos com laço apertado. Muitas foram condenadas nos púlpitos de cometerem o pecado da vaidade. A questão era discutida calorosamente e centenas de cartas eram enviadas aos locais onde o assunto era debatido por contrários e favoráveis ao uso do corset. 
Em parte, como resposta aos perigos relatados pela prática do tight lacing, mas também devido ao crescente interesse das mulheres em atividades ao ar livre, foram criados os ''espartilhos de saúde'', que tornou-se muito popular durante o final século.


No ano de 1884, um médico alemão chamado Dr. Gustav Jaeger, surgiu com seus espartilhos sanitários de lã, descritos como elásticos, flexíveis, duráveis e correspondiam aos movimentos. O Dr. Jaeger afirmava que a lã possuía propriedades terapêuticas e que ele próprio fora curado de problemas crônicos de saúde: excesso de peso e indigestão. Em 1887, outro modelo de espartilho de saúde fora criado o espartilho Dermathistic; com revestimento em couro, foi comercializado principalmente entre as mulheres que buscavam uma vida saudável e apreciavam um estilo de vida vigoroso.
Os modelos swan-bill (cisne-bill), S-bend (curva-S) ou espartilhos de saúde como também eram chamados, foram usados nos anos 1900 a 1910. Esse modelo popularizado pela corsetière Inez Gaches-Sarraute, que licenciada em medicina, dizia ser muito menos prejudicial a saúde pois não causava compressão exagerada na região do estomago. A novidade foi uma das alternativas em manter o interesse das mulheres no uso do corset, em contrapartida esse tipo de modelagem fazia com que uma postura pouco natural e confortável, forçasse a mulher  projetar-se com tronco para frente e os quadris para trás, além disso a área do busto foi reduzida e não oferecia sustentação adequada aos seios.

Swan-Bill Corset ou S-Bend Corset
Modelo infantil do conceito Corsets de saúde ou espartilhos saudáveis
No período pós-Edwardiano, as roupas femininas passaram por reestruturação. As sais amplas agora tinham uma forma menos volumosa, o que exigia corsets mais alongados para dar forma aos quadris comprimindo-os ao longo das coxas, o que fazia a cintura parecer maior. O novo corset foi considerado pesado e desconfortável, o uso de novos materiais foram empregados para dar mais leveza a peça, o que acabou consequentemente levando-o ao desuso, a substituição era inevitável.
Foi a partir deste período que o uso corset começou a diminuir gradativamente.

A partir dos anos 1908 uma nova mudança nos padrões de beleza fizeram com que o laço apertado cedesse suas amarras. Uma visual menos exagerado nos vestidos e uma cintura com medidas mais naturais, ganhavam espaço e novas adeptas na sociedade do início dos século 20. Surgiram os primeiros sutiãs e os espartilhos foram substituídos pelos cintos. Pouco depois dos Estados Unidos entrarem na I Guerra Mundial, as mulheres americanas foram convocadas a abrirem mão da compra de novos espartilhos, que desde 1860 utilizava o aço na confecção das peças, essa medida liberou cerca 28.000 toneladas de aço, o suficiente para cobrir dois navios de guerra. As mudanças na economia após a I Guerra também alterou o comportamento e o cotidiano das mulheres. Se antes elas passavam mais tempo em seus apertados espartilhos e casavam-se e maioria antes dos 18, agora estavam mais interessadas em trabalhar e estudar, seus corsets definitivamente foram esquecidos e apenas as mulheres com sobrepeso, gestantes (existiam modelos especias clique para ver) e após uma gravidez ainda mantinham o hábito de usa-los. Porém agora os corsets que resistiam as mudanças impostas pelas consequências da guerra, estavam  bem diferentes dos anteriores, as famosas cintas elásticas de compressão, faziam o papel de manter o visual mais contornados. Durante as décadas de 20 e 30 o corset foi aposentado, as mulheres em seu trajes soltos e longilíneos tinham total liberdade para dançarem freneticamente  o charleston.


Em 1939 um retorno da cinturinha de vespa no mundo da moda foi cogitado, mas a II Guerra pos fim a tentativa. Já em 1952 um corset chamado "A Viúva Alegre", foi projetado pela empresa de lingerie Madeiform para Warner, o espartilho foi usado por Lana Turner no filme ''The Merry Widow''. Este corset não era exatamente uma réplica dos modelos mais usuais como os usados durante as eras vitoriana e edwardianas, estes comprimiam e uniam os seios, já o modelo "A Viúva Alegre'', fazia o contrário.

Lana Turner em seu ''merry widow corset''
O modelo hollywoodiano se manteve popular durante os anos 50 assim como as cintas modeladoras, mas as próximas décadas o fariam novamente ser quase que absolutamente esquecidos.Nos anos 90 os espartilhos foram redescobertos, agora ele retornava como adereço fetichista moldados em vinil  e ousados modelos em renda as compunham peças da lingerie. Nos anos 1990 a 2.000 a moda trouxe uma releitura no estilo burlesco e steampunk o que ajudou a alavancar a popularidade dos corsets. O sucesso trouxe de volta a prática do tight lacing e as corsetmakers produzem modelos sob medidas às suas clientes que pagam cerca de 400,00 a 800,00; ou mais, dependendo do modelo e materiais utilizados, nas  criações.

1950-Espartilho/corselet
 inspirado no ''Merry Widow''
A moda é assim, ele vai e volta, atravessa gerações, se reinventa, dita comportamentos e tendências, o uso do corset é um dos grandes marcos da moda durante séculos. Ele se adaptou, se retirou, quase foi esquecido mas seu retorno foi deslumbrante, hoje são produzidas no Brasil diariamente peças de excelente qualidade, sob medida ou não. As vendas através da internet facilitam as encomendas das clientes ao redou do mundo e aquecem o mercado corsetry.
A cinturinha de pilão está de volta e já ha alguns anos, e você, mulher do século 21, moderna arrojada, independente; antenada com as tendencias ou fiéis ao estilo clássico, já encomendou o seu corset? Existe uma variedade imensa no mercado de modelos desde lingeries  a modelos mais clássicos, até os que podem ser usados no dia a dia. Um lindo espartilho faz qualquer mulher senti-se poderosa, escolha um modelo adequado ao seu corpo e arrase!


Lembrem-se: para praticar tight lacing é preciso fazer uma avaliação médica e encomendar um corset sob medida, especial para esta finalidade. Existe diversos sites de corsetmakers, especializados no assunto. Se você ficou interessada procure saber mais a respeito, ok? Eu conheço um pouquinho só a respeito e como é algo que envolve saúde e não sou nenhuma especialista, prefiro não me estender com dicas ou sugestões, espero que me compreendam. Beijinhos e até a próxima postagem.



*Este artigo usou como referência,  textos da Wikipédia e diversos sites internacionais com tradução e adaptação da editora Soul Retro-Vintage Blog 

Soul Retro

Muito obrigada por sua visita, espero que tenha gostado do viu por aqui e espero ter a honra de seu retorno. Sua opinião é muito importante, conto com seu comentário. Beijinhos.

2 comentários:

  1. Menina tinha te falado que me interesso bastante pelo assunto
    principalmente agora lendo essa matéria incrível, como quero fazer a pratica do tightlacing vou dar mais uma pesquisada. Obrigada por passar lá no meu cantinho e obrigada por todo carrinho sempre.
    Beijos
    cherrycriis.blogspot.com.br

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  2. Obrigada Cris, fico feliz demais que tenha gostado. Corsets são mesmo uma maravilha! Quero voltar a praticar, assim que tiver uma graninha pra comprar um sob medida. Bjos e nos 'lemos' por aí, rsrs.

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